15 dezembro, 2005
















Não haverá uma só coisa que não seja
uma nuvem. São-no as catedrais
de vasta pedra e bíblicos cristais
que o tempo alisará. É-o a Odisseia,
que muda como o mar. Há algo de distinto
de cada vez que a abrimos. O reflexo
da tua cara já é outro no espelho
e o dia é um duvidoso labirinto.
Somos os que vão. A numerosa
nuvem que se desfaz no poente
é a nossa imagem. Incessantemente
a rosa converte-se noutra rosa.
s nuvem, és mar, és olvido.
És também aquilo que por ti foi perdido.

Jorge Luis Borges
in Os Conjurados

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