11 janeiro, 2006

Lamento por Diotima





















o que vamos fazer amanhã
neste caso de amor desesperado?
ouvir música romântica
ou trepar pelas paredes acima?
amarfanhar-nos numa cadeira
ou ficar fixamente diante
de um copo de vinho ou de uma ravina?
o que vamos fazer amanhã?
que não seja um ajuste de contas?
o que vamos fazer amanhã
do que mais se sonhou ou morreu?
numa esquina talvez te atropelem,
num relvado talvez me fuzilem
o teu corpo talvez seja meu,
mas que vamos fazer amanhã
entre as árvores e a solidão?

Vasco Graça Moura

5 comentários:

Anónimo disse...

Amanhã? Não há amanhã!

lunático

Esvoaçante disse...

sempre, Luz, pois que em cada amanhã será...
:)

Esvoaçante disse...

sério?... isso de não haver amanhã, AMigo da Lua, é muito perigoso :)

Anónimo disse...

Mais perigoso do que não haver amanhã, é negar a noite.

lunático

Esvoaçante disse...

Discordaria - pois que negar ou afirmar são meras expressões da vontade, seja ela racional ou irracional. Tanto faz, portanto, trate-se da noite ou do dia.