Não posso adiar o amor para outro século
não posso
ainda que o grito sufoque na garganta
ainda que o ódio estale e crepite e arda
sob as montanhas cinzentas
(...)
Não posso adiar
ainda que a noite pese séculos sobre as costas
e a aurora indecisa demore
não posso adiar para outro século a minha vida
nem o meu coração
nem o meu grito de libertação.
Não posso adiar o coração.
António Ramos Rosa
6 comentários:
Nem esconder o olhar...
Kaffa
Perante os tons que rodeiam a borboleta, logo pensei que ia falar-se de amor :)
Pode adiar-se o coração mas nunca evitar o quanto ele bate.
As palavras dizem o resto, ou melhor, dizem tudo!
Pode esconder-se, sim, Kaffa. Pelo menos, óculos escuros costumam fazê-lo... :)
Boa intuição, Senhor dos Selos. Ou a previsibilidade para quem conhece o estilo?! risos...
Nem mais. Não pode evitar-se o quanto bate...
Não, amiga Esvoaçante, nunca a previsibilidade e pouca é a intuição deste carteiro com tão pouca perspicácia.
Foi só um fragmento de uma lucidez que, como muitas, poderia nem sequer fazer sentido :)
Intuição do carteiro, parece-me que sim.
Agrada-me que a previsibilidade, não :))
E fragmentos de lucidez fazem bem, e teêm sempre sentido. Pelo menos, o que lhe damos.
beijos e flores
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