03 agosto, 2006
























Não te quero senão porque te quero,
e de querer-te a não te querer chego,
e de esperar-te quando não te espero,
passa o meu coração do frio ao fogo.
Quero-te só porque a ti te quero,
Odeio-te sem fim e odiando te rogo,
e a medida do meu amor viajante,
é não te ver e amar-te, como um cego.
Tal vez consumirá a luz de Janeiro,
seu raio cruel meu coração inteiro,
roubando-me a chave do sossego,
nesta história só eu me morro,
e morrerei de amor porque te quero,
porque te quero amor,
a sangue e fogo.

Pablo Neruda

2 comentários:

carteiro disse...

"(...)a sangue e fogo."
Aqui estao as palavras que mais queimam, ardem e fazer arder, se virmos quem é o controlador da primeira!
Nao adianda nada dizer que gostei do poema... por isso aqui fica uma estranha pergunta que nao me vai saindo da cabeca: "Onde é que arranjas borboletas Assim?" :)

Esvoaçante disse...

Sorriso...

Adiantar, adianta (-te).
E é sempre curioso o impacto dos poemas na alma de cada um.

A pergunta não é estranha. E, se queres saber, elas estão mesmo á nossa volta. É só olhar atentamente...