28 julho, 2006

Poema XLIV










Saberás que não te amo e que te amo
posto que de dois modos é a vida,
a palavra é uma asa do silêncio,
o fogo tem uma metade de frio.

Eu te amo para começar a amar-te,
para recomeçar o infinito
e para não deixar de amar-te nunca:
por isso não te amo ainda.

Te amo e não te amo como se tivesse
em minhas mãos as chaves da fortuna
e um incerto destino desafortunado.

Meu amor tem duas vidas para amar-te.
Por isso te amo quando não te amo
e por isso te amo quando te amo.

Pablo Neruda

2 comentários:

Anónimo disse...

Apenas te quero felicitar por este blog tao fantástico, quer nos textos, quer nas imagens que escolhes.
Continua. Parabéns.
Jokas
Cori

Esvoaçante disse...

Cori, fico grata - embora nem eles (textos) nem elas (imagens) sejam minhas, de autoria. "Apenas" as escolho, como diz o subtítulo: «apensamente» :))

Obrigada pelo reforço. Beijos e bom fim de semana.