14 julho, 2006

Green God



















Trazia consigo a graça
das fontes quando anoitece.
Era o corpo como um rio
em sereno desafio
com as margens quando desce.

Andava como quem passa
sem ter tempo de parar.
Ervas nasciam dos passos
cresciam troncos dos braços
quando os erguia no ar.

Sorria como quem dança.
E desfolhava ao dançar
o corpo, que lhe tremia
num ritmo que ele sabia
que os deuses devem usar.

E seguia o seu caminho,
porque era um deus que passava.
Alheio a tudo o que via,
enleado na melodia
duma flauta que tocava.

Eugénio de Andrade

4 comentários:

carteiro disse...

Este poema são palavras que dançam. Mesmo não sendo um gosto obcessivo, gostava de saber um dia escrever assim, num ritmo assim e sobre algo assim :)
Perdoa-me a ignorância mas na resposta ao meu comentário, a tua pergunta "E os selos? :)" é destinada a algum tipo de resposta da minha parte? (é que não percebi a pergunta)
Obrigado pela passagem no meu blog.
Bom fim-de-semana**

Esvoaçante disse...

Sorriso...
poetas de verdade porovocam sempre sentimento de admiração, que está distante da inveja ainda que seja estimulante :))

esqueci-me da exclamação! Seria apreciativo-interrogativo-exclamativo... Já agora, como é que fazes os selos?!

carteiro disse...

No blog, tenho dois tipos de selos. Os que passo para o pc a scanner (da minha 'ex' colecção - na qual há uma pequena história por trás) e aqueles que são fotos que tiro. Nesses, guardei a 'moldura' de um selo e ampliei-a um pouco, e com um editor de imagens é só colocar a foto nessa moldura.
Não sei se me expliquei bem, em todo o caso, alguma coisa é só perguntar :)
Desejo-te a continuação de um bom fim-de-semana.

P.S. Adoro o design do teu blog.

Esvoaçante disse...

Boa... obrigada pela explicitação! Fica muito original... e transforma o blog num sítio esteticamente singular...

beijos