10 julho, 2006

As mãos























Com mãos se faz a paz se faz a guerra.
Com mãos tudo se faz e se desfaz.
Com mãos se faz o poema – e são de terra.
Com mãos se faz a guerra – e são a paz.

Com mãos se rasga o mar. Com mãos se lavra.
Não são de pedras estas casas mas
de mãos. E estão no fruto e na palavra
as mãos que são o canto e são as armas.

E cravam-se no Tempo como farpas
as mãos que vês nas coisas transformadas.
Folhas que vão no vento: verdes harpas.

De mãos é cada flor cada cidade.
Ninguém pode vencer estas espadas:
nas tuas mãos começa a liberdade.

Manuel Alegre

2 comentários:

carteiro disse...

O teu blog é muito bonito, com um design muito atractivo, belíssimas imagens e poemas de ler e chorar por mais.
Já está na minha - não muito grande - lista.

Esvoaçante disse...

Grata, Postman.

O teu selosdifusos foi uma belíssima descoberta. E os selos? :)