08 agosto, 2006

Soneto da véspera






















Quando chegares e eu te vir chorando
De tanto te esperar, que te direi?
E da angústia de amar-te, te esperando
Reencontrada, como te amarei?

Que beijo teu de lágrimas terei
Para esquecer o que vivi lembrando
E que farei da antiga mágoa quando
Não puder te dizer por que chorei?

Como ocultar a sombra em mim suspensa
Pelo martírio da memória imensa
Que a distância criou fria de vida

Imagem tua que eu compus serena
Atenta ao meu apelo e à minha pena
E que quisera nunca mais perdida.

Vinicius de Moraes

2 comentários:

Thinker disse...

Absolutamente lindo este poema... e como o sinto tanto... Obrigado por o partilhares :)

Esvoaçante disse...

Bem vindo, e obrigada eu, pelo reforço da partilha :))